Hoje se completam 62 dias que os professores da rede estadual de Minas Gerais estão em greve. Os professores contestam o piso pago pelo Estado e o governo afirma que já paga o piso. E nós alunos? Onde ficamos? Ficamos em casa aguardando governo e sindicato se acertarem enquanto o exame do ENEM fica cada dia mais próximo.
Sou estudante, e logo que a greve foi anunciada fui a assembléia dos professores ouvir o que eles tinham a dizer. Durante a assembléia um cartaz me chamou atenção, era um acróstico com as iniciais do PSDB e com os dizeres: ‘Pior Salário Do Brasil’. Comecei a reparar os outros cartazes e haviam mais cartazes reclamando do governador do que do salário. Os cartazes me fizeram refletir sobre até que ponto a greve era um ato político e até que ponto era politicagem.
Haviam muitos deputados da oposição do governo na assembléia e eles comemoravam o ‘sucesso’ da greve. Sucesso? Se há uma greve é porque houve um fracasso e o único motivo de comemoração de uma greve é quando ela acaba. Mas eles não pareciam interessados em negociar o fim da greve, pelo contrário, para aqueles políticos parecia que quanto mais longe fosse a greve, melhor. Comecei a me questionar o quanto a educação realmente importava para aqueles políticos ou se importante mesmo era ‘queimar o filme’ do governador da situação, que por sinal, foi muito bem votado nas últimas eleições.
A oposição apoiou a greve, mas fez pouco ou nenhum esforço para mediar negociações com o governo. Alguns políticos da situação afirmaram então que os grevistas estão fazendo política. Considero essa afirmação uma ofensa! Não aos grevistas claro, mas uma ofensa a palavra ‘política’ que sofre tanto preconceito.
A política por si só não pode ser associada a algo ruim, embora muitos a usem para praticar a politicagem. Politicagem é quando os fins justificam os meios, como quando por exemplo, prejudicar um governo justifica deixar alunos sem aula.
Um desses caras que confudem política com politicagem deixou a seguinte frase famosa: ‘Os políticos dividem as pessoas em dois grupos: instrumentos e inimigos.’ – No caso da greve, nós alunos, somos os instrumentos usados para alguns políticos atacarem seus inimigos.
Uma greve em uma escola não pode ser encarada da mesma maneira que outras greves. Quando os operários de uma fábrica entram em greve por exemplo, o maior prejudicado é o dono da fábrica que fica sem seu lucro, diferente das escolas que quando entram em greve prejudicam diretamente os alunos que podem chegar a perder o ano, quando não desanimam e desistem da escola de uma vez por todas. Longe de mim contestar o direito dos professores de fazer greve, mas uma greve em que os principais prejudicados são aqueles que não tem culpa, deve ser encarada como um assunto bastante delicado e ser muito bem pensada.
Portanto, os motivos que levam os professores a cruzar os braços e parar de dar aulas, devem ser mais do que nobres. Fazer um greve para chamar a atenção do governo para a educação, é um motivo nobre. Fazer uma greve para tentar prejudicar o governo, não é nada nobre. Afinal, não é preciso fazer greve para fazer oposição, não é preciso usar estudantes e professores para atingir ao governo e por fim não é preciso fazer politicagem para fazer política.
Se os políticos querem fazer politicagem, que façam! Mas eu, estudante de escola pública, aluna do terceiro ano e as vésperas do vestibular gostaria de não ser usada para isso.
E aos professores, é bom lembrar que o compromisso deles é antes de tudo, com os alunos.
Fonte:http://www.observadorpolitico.org.br/grupos/educacao/forum/topic/politica-politicagem-e-a-greve-dos-professores-em-minas/
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